O Mito do Super Homem


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O Mito Do Super-Homem é a versão controversa do herói dos quadrinhos sob a análise crítica do escritor italiano Umberto Eco. O autor mostra as diversas facetas do homem de aço e as leituras possíveis sobre a obra de Jerome Siegel, no livro Apocalypticos e Integrados. O capítulo chamado O Mito do Super-Homem trata o processo de identificação do herói com os leitores, através da análise semiótica.

Super Eco

O perfil do fã do Super-Homem, o comportamento e a influência exercida pelo desenho no leitor ou telespectador é mostrada sob o olhar semiótico de Eco, que subjuga o sujeito receptor da mensagem à condição de fantoche dominado pela propaganda do poderio e força americana ilustrada na imagem super-herói. Pela imagem de invencibilidade personificada em Clark Kent, que se assemelha ao cidadão comum pelo desejo de ascensão, impotente para vencer suas frustrações, mas que tem embaixo das humildes vestes, o brazão em forma de S e a capa vermelha do Homem que voa, dobra aço, consegue parar um trêm com o corpo, corre na velocidade da luz e têm o corpo fechado. Poderes enfim, que se configuram nas aspirações de ascensão social do cidadão, de vitórias, aplacadas, maquiadas e saciadas junto às batalhas vencidas pelo ídolo, episódio após episódio. Sem maiores dificuldades, nem muita paciência, nem planos a longo prazo, ou problemas que não se resolvam no mesmo dia. O Super-homem não deixa nada para amanhã, tudo se resolve em tempo presente. Baseado no que lhe impelem as aspirações de status, de nível social, desejando ser algo formado pela mídia, inconscientemente integrado a sua mentalidade subjetivamente, o sujeitos se esquece, perde a identidade.
Isso se especifica bem na análise feita por Umberto Eco, usando o superman como modelo de heterodireção. O herói incute na mente de seus telespectadores da mesma maneira que as apelações publicitárias. A subjetividade, nesse caso, se configura, enquanto o “super” também é homem, ou seja, super-homem. É “super”, mas é homem. Se identifica com a população quando se humaniza, por que é como eles, se parece com eles, com defeitos e impotencialidades, e é seus desejos, também, de poder e ufania. Seus poderes e seu cotidiano sugerem um modo de vida, um tempo presente de vitórias pré-determinadas, sempre, sem problemas, sem preocupações, sem planos, sem projetos, sem futuro e sem passado. E a população deseja isso, deixar de ser Clark pra ser superman. Deixar de ser medíocre, para ser um ícone, um destaque entre os demais. Deixar de ser esnobado, para ser desejado, assim como a Louis que esnoba Clark, ou seja, a população, e deseja muito o superman, símbolo de idealização, realização, fantasia.

Super Raso

O herói estereotipado, protótipo da hegemonia e poderio americano desmantela quadrilhas, salva velhinhas de ladrões, impede assaltos a bancos milionários, mas não ajuda os miseráveis morrendo de fome nas ruas, os miseráveis da África, os povos sofridos, trabalhando em regime escravocrata, na China, nem o terror das Guerras, em favor da melhoria das condições de vida ou ao emprego da paz mundial. Resolve os problemas supérfluos, que estão na parte de cima, nunca os que estão embaixo, na raiz, o cerne da questão com suas mazelas sociais. O homem de aço lhes oferece um projeto glorioso. Onde a força tentadora do objeto de desejo é deixar todas as frustrações e o fracasso de lado, e das vestes humildes do jornalista Clark, sair o poderoso Superman, que não sofre, não faz esforços, não tem problemas no trabalho, nem de auto-estima, de dinheiro e não precisa fazer planos pra comprar um carro. Ele voa! Quer mais?!

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