DEBATE SOBRE EDUCAÇÃO E CIDADANIA


Tema: “Educação, Cultura e Cidadania, o ser humano no centro do debate”


Neste fim de semana (23/05), aconteceu o Fórum Social sobre Educação e Cidadania. Como também sou militante desta causa, acordei cedo no sábado e fui de bicicleta até o paço municipal, onde saiu um ônibus de graça até o SENAI, onde aconteceu o evento.

Poucas pessoas estavam presentes, mas dentro daquele pequeno grupo encontrei com algumas pessoas conhecidas, o que me deixou muito a vontade. O debate estava programado para ser dividido em grupos temáticos, relacionados à educação; Educação e Trabalho, Educação e Meio Ambiente, Educação e Cidadania, Educação e Cultura. Porém, foi decidido que seria mais proveitoso se todos os palestrantes apresentassem seus temas e, em seguida, os participantes debatessem abertamente aquilo que fora apresentado.

Como principal tema foi levantada a problemática da “Educação para Vida”. Um assunto muito amplo, mas que foi muito bem trabalhado pelo Professor Luiz Roberto Alves, da Cátedra Celso Daniel, da Universidade Metodista.


Atento as palavras do professor, fiz algumas anotações enquanto ele falava que acho importante compartilhar com vocês agora, para podermos continuar a debater sobre o assunto.

Educação para a Cultura da Vida

Em sua apresentação o Profº Luiz começou a contextualizar, falando sobre questões históricas e sobre a diversidade cultural que possuímos. “A primeira coisa que precisamos romper é a ideia errada de que a educação deve ser nivelada e padronizada”, afirmou Luiz em seu discurso.

De forma brilhante ele justificou, “ocorrem nas escolas a mesma coisa que na política, pequenos grupos que não comungam da mesma realidade querem controlar de fora o seu desenvolvimento e tornam o ensino defasado e a política corrupta”.

Para o professor outro grande problema é a falta de continuidade. Nos programas de cultura os processos não são acumulativos. Parece que tudo é sempre novo, por isso não conseguem se desenvolver. “Isso acaba gerando um abismo que separa os tipos de cultura; em clássica e cientifica”, comenta.

A consequência disso são alunos com currículos inoperantes e sem vocação para o oficio. “O que estamos fazendo é negar a sociedade a capacidade de mudar as pessoas”, que no meu entender é uma padronização da consciência critica.

O professor continuou seu pronunciamento, colocando uma nova ideia em cima da outra. “Se a educação é política, o processo de modernização do Brasil foi capaz de crescer, mas a educação foi sempre sub-julgada”. O professor justifica isso pelo fato de que nunca houve uma revolução na educação.



E citando o mestre Paulo Freire ele conclui: “Por causa dessa submissão de fazer política, nós tornam seres condicionados, mas não determinados”.


A Comunicação e Cultura:

A mídia também tem um papel fundamental para o desenvolvimento da educação, no entanto, como em ocorre em todas as áreas, existem os bons e os maus profissionais. No ver do professor Luiz, “a mídia sabe divulgar que a educação é importante, mas não consegue mostrar sua importância”.

O professor também deu alguns exemplos quantitativos sobre o problema da educação. Ele citou um concurso de redação realizado em 2007, onde 57 jornais do país publicaram os melhores textos enviados. Dos 5.352 textos sobre educação, cerca de 70% foram sobre questões pontuais, sem vinculo com outras questões temáticas, eram questões físicas e de infra-estrutura. Menos de 1% dos textos trataram assuntos diversos como educação indígena e outros...

“O jornalista faz o mais fácil, escreve textos sobre assuntos que lhe são conhecidos. Não existem escolas de jornalismo que reúnam seus alunos com escolas de pedagogia, para discutir o problema, por exemplo”, comentou.

Ele também levantou outros números que me despertaram a atenção como a existência de Adultos Analfabetos; cerca de 1,8% da população da Região do Grande ABC não sabe interpretar um texto. São os chamados analfabetos funcionais e outros 7% da população tem apenas o ensino médio ou profissional.


O Grande ABC

A região só ganhou um local para expressão da liberdade cultural a partir dos anos 90 (96-97), com a organização de fóruns e conselhos, que unificaram a região, como é o caso do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC que, apesar de ser uma autarquia, é modelo para as demais regiões do país.

Dentro deste Consórcio existem 7 sete eixos de trabalho e a educação é o primeiro de todos eles. “A educação é eixo para o desenvolvimento da tecnologia, meio ambiente e desenvolvimento social e econômico”.

O sindicato dos metalúrgicos direcionou por muito tempo para produzir mão-de-obra para eles, com Universidades, Fatecs, Centro de formação de tecnológica, etc. Acredito que isso seja o que eles pretendem fazer também com a UFABC.

O professor alerta: “Estes processos são rápidos, fortes e precisam de uma fiscalização de todos nós!”. Por isso, o sociólogo Luiz sugeriu a criação de um órgão intermunicipal que organize e desenvolva os processos, que desenvolva os conhecimentos gerados pela sociedade, considerando a peculiaridade de cada um.

Para terminar o professor falou de tendências e sobre o analfabetismo tecnológico que pode gerar novas culturas de trabalho.

Em seguida, falou o membro do sindicato, Alex Sgrecia, coordenador do Departamento de formação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que falou sobre o público que ele auxilia e de um curso que ele elaborou para leitura e interpretação de textos. Contou que começou com leituras de cordel, depois passou para Carlos Drummond e Crônicas, até os alunos desenvolverem a leitura crítica das notícias do jornal.

Ele contou que utilizava os temas dos textos lidos, como sentimentos e experiências, para que os alunos escrevessem sobre suas próprias experiências. Um exemplo muito positivo.

Ele também falou que existe um abismo entre Cultura e Educação. Citou como exemplo a biblioteca que procurou o sindicato pedindo que incentivasse as pessoas frenquentá-la. No entanto, perceberam que o problema não era de infra-estrutura, a biblioteca não é utilizada porque o cidadão não sabe ler e usufruir dos seus serviços.

Concluiu então que era necessário fazer um trabalho de educação. A sugestão dada por ele é criar um espaço onde o individuo possa produzir seu próprio conteúdo e fugir dos eventos em que as pessoas recebam de forma passiva.

Para Sgrecia, o professor não pode tentar enfiar páginas e páginas de informação na cabeça dos seus alunos e citou Paulo Freire ao dizer que “o pedagogo é um sujeito criativo dos processos”, ele está lá só para balizar as idéias dos alunos, incentivando o pensamento critico e o desenvolvimento de novas propostas.


Em seguida falou Diego de Itu, membro do Coletivo Jovem do Meio Ambiente e Rede de Junventude pelo Meio Ambiente, que se auto-intitula um anti-corpo de Gaia.

Dos fóruns e encontros que são realizados, poucos conseguem se desenvolver, por questões políticas, jurídicas e etc...

Sua conclusão do ambientalista é de que devemos pensar de forma prática, dentro da nossa própria realidade. Com atitudes práticas. “Existem alguns caminhos já trilhados na educação formal e informal, como o Cyber-Ativismo”, comenta.

“No mundo de hoje, as pessoas precisam ter responsabilidade de produzir e gerar conteúdo”. Citando um trecho da música “Enxugando o Gelo”, do B Negão; “Subsídio da vida para o cultivo de poetas. Subsídio da mídia para o cultivo de amebas”.

Por fim falou Bia Pardi, sobre os tipos de educadores que são enciclopédias que só seguem transmitir seus conhecimentos através do autoritarismo.
“Ainda estamos aprendendo a fazer uma gestão democrática”, mas estamos no caminho correto, nos organizando em fóruns, onde permite aglutinar opiniões distintas sobre o individuo.

Para Bia, iremos passar por um processo de resgate do trabalho em grupo, das ciências, e dos grêmios e sindicatos.

E que novamente devemos estar atentos para esta mão invisível que regula o mercado, estimula a visão do aluno para as questões do trabalho. Cria um segmento que limita as demias área do trabalho.
Ao termino do forum as as principais propostas apresentadas foram; a criação de um fórum regional de educação e cultura, que organize a discussão e iniciativas regionais; discussão sobre o modelo de universidade federal que a Região quer e precisa; e preparação de um novo debate sobre a concepção dos projetos de educação.

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