CONVERSÃO DE VEÍCULOS PARA ÁLCOOL

Pensando apenas nos benefícios financeiros imediatos, o proprietário pode acabar comprometendo o desempenho e a segurança do seu veículo



Para quem possui veículos flex, na hora de abastecer, sempre surge a dúvida entre abastecer com gasolina que possui uma maior autonomia ou com álcool que é mais econômico. Neste momento, o segredo é olhar para o preço na bomba. Se o preço do combustível vegetal for, pelo menos, 30% inferior ao do derivado de petróleo é vantagem abastecer com o álcool. Isso porque o carro consome, em média, 38% a mais de combustível com álcool do que gasolina (32% na cidade e 46% a mais na estrada).

No entanto, com as contínuas reduções no preço do álcool, seja por incentivo do governo ou por qualidade na safra de cana-de-açúcar, as pessoas estão preferindo os veículos bicombustíveis. Desde a chegada do primeiro flex, já foram vendidos 7,2 milhões de veículos no país.

Segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as vendas de veículos 0km Flex já representam 87,2% dos carros vendidos. Só no ano passado foram comercializados 2,3 milhões de carros bicombustíveis.

Não foi só isso, a quantidade de motores a gasolina que estão sendo convertidos para álcool dobrou no último ano. Segundo a Associação Brasileira dos Reparadores Independentes de Veículos (Abrive), a quantidade saltou de 600 para 1,2 mil por mês.

Adaptação
O mecânico, Felipe Kassardjian, da TechRace Fuel Injection Systems, explica como é feito o processo de conversão. “É instalado um aparelho nos bicos injetores que controla a quantidade de combustível e oxigênio enviados para o carburador. Esta ‘sonda-lambda’ pode ser usada tanto em sistemas de injeção digital ou analógica e tem a função de remapear a injeção para o uso do álcool”, finaliza Kassardjian.

O funcionamento deste aparelho é baseado no aumento do tempo de abertura dos bicos injetores, para que o módulo coloque mais combustível, compensando a diferença da mistura. Em veículos flex o módulo realiza esses cálculos continuamente e os resultados são armazenados na memória e, mesmo com o aparelho desligado, as informações ficam guardadas. Assim o veículo consegue distinguir o combustível que está sendo utilizado.

Depois de convertido, o veículo precisa passar por uma vistoria no Detran, para certificar que as alterações feitas no automóvel não vão oferecer riscos à segurança do motorista e do trânsito. Para isso, é preciso dar entrada em um processo de alteração de combustível, junto com todas as notas fiscais de serviços e de peças utilizadas na conversão.

Por mais idônea que seja a oficina, emitindo nota fiscal para a regularização da documentação do veículo, ela não pode se responsabilizar por futuros problemas com o carro. A oficina concede apenas a garantia do aparelho instalado por ela.

Contrapartidas
O estudante Sergio Manoel se arrependeu da instalação do módulo que faz a mudança no fluxo de combustível. “Na minha opinião, isso é enganação, pois vai reduzir a vida útil do seu motor em até 80%, isso se você cuidar bem dele. Acredite, não vale a pena”, reclama Manoel.
Por ser, relativamente, recente esse tipo de adaptação, os carros não estão preparados para receber os dois tipos de combustíveis. Apenas os veículos mais novos possuem pistões, mangueiras, bronzina e bicos injetores adaptados para isso. O Diretor do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios de São Paulo (Sindirepa-SP), Antonio Gaspar de Oliveira, também é contra esse tipo de modificação. “As pessoas que fazem essas alterações pensando apenas na economia e não pensam que peças como o filtro e a bomba de combustível terão uma vida útil menor”, afirma.


Gaspar também explica que o álcool precisa de uma taxa de compressão maior do que a gasolina, reduzindo seu desempenho e causando danos ao meio-ambiente. “Depois de convertido o veículo polui mais, porque a queima não completa do carburador sai pelo escapamento para o meio ambiente”.


Testes do Inmetro de São Paulo comprovam que os veículos convertidos para flex emitem mais poluentes do que o convencional e que não estariam aptos para a inspeção ambiental veicular do município.


Pequenas atitudes podem ajudar o motorista a economizar e reduzir o consumo de combustível sem que ele precise converter seu carro. O pneu descalibrado, por exemplo, pode aumentar o consumo do combustível em até 10%. Assim como, o uso exagerado do ar-condicionado, dirigir com o veículo desregulado, muito pesado ou com os vidros abertos, também aumentam o consumo.

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